Foto: Leo Aversa
"Quer vulgaridade e ignorância maiores que um marmanjo com acesso à educação e à cultura precisar de explicação, no século 21, sobre quem é Chico Buarque?", disse o escritor e jornalista Mário Magalhães, quando o cantor foi hostilizado, em 2015, por um grupo de rapazes, ao sair de um restaurante no Leblon, aos gritos de "Você é um merda!”, "Petista!", "Ladrão!”
Em 2016, o funcionário de uma barbearia na Tijuca perdeu um cliente por falar mal de Chico Buarque, a quem chamou de "comunista".
Após ouvir que tocava Chico no rádio, o responsável pelo caixa perguntou: "Odeio comunista. Vocês se incomodam se eu tirar a música desse escroto?".
O já ex-freguês rebateu: "Você acaba de perder um cliente. Intolerância política já é ruim. Cultural é pior ainda!"
Sobre todos esses ataques destes tempos da indelicadeza, Chico Buarque disse, com seu cavalheirismo habitual, que “Acho que vou começar a usar esses fones na rua. Gosto de caminhar e, por onde caminho, nos bairros chiques do Rio, as pessoas finas passam com seus carros grandes e gritam: 'Viado filho da puta!', 'Viado, vai pra Cuba', 'Vai pra Paris, viado'. O único consenso é o 'viado'”.
Na contramão da legião de bestas quadradas, da corja ignara institucionalizada, dos idiotas inúteis olavistas, o cantor, compositor e escritor ganhou o Prêmio Camões 2019 pelo conjunto da obra, já dono de três Jabutis em sua coleção de honrarias literárias.
O prêmio português, outorgado quando no Brasil vivíamos a página infeliz de nossa história do desgoverno da alma sebosa, Chico Buarque só recebeu quatro anos depois, em março de 2023, em solenidade no Palácio de Queluz, em Lisboa, das mãos dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Marcelo Rebelo de Sousa, de Portugal.
Chico Buarque, 80 anos hoje. Parabéns! Continuamos com sua banda cantando coisas de amor.
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