domingo, 16 de junho de 2024

Ariano e sua sina


Foto Arquivo VEJA

Ele toma conta do mundo pelo brilho nas palavras, pela lucidez da oratória, pela inteligência e acuidade de suas opiniões e argumentos, pela graça e humor de suas colocações, pela pureza infantil no rosto de senhor, pelo amor que tem pela arte na sua mais sagrada essência, pelas histórias narradas entre a verdade e o que poderia ter sido.
Ariano Suassuna é autêntico, genuíno, legítimo. É autor de si, é personagem de si. É mítico e é real. É clássico e usual. É novo e é histórico.
É rebento nascido nas dependências do Palácio da Redenção. É um senhor dos castelos erguidos nas fábulas dos sertões nordestinos.
É um dom Quixote de Taperoá, cidade nos cafundós da Paraíba, que o acolheu menino sem pai nos anos 30 da Revolução.
É Armorial em seus movimentos eruditos nos ritmos populares de dança, canções e picadeiros.
É João Grilo pícaro invencível vindo dos contos portugueses para as páginas dos cordéis no meio das feiras. É Chicó dizendo verdades com as mentiras para o padeiro avarento na Irmandade das Almas. É Quaderna descendente de legítimos reis envolvido em luas e defesas políticas no reino encantado de Belmonte.
É um sebastianista em quem acreditamos para nos salvar da miséria intelectual.
Hoje, 97 anos de nascimento desse cabra que já foi ao encontro de Caetana, mas continua em nossa Pedra do Reino. 

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