domingo, 26 de dezembro de 2021

salve a batina do bispo Tutu


foto Hassan Ammar / AP

Na 19ª edição da Copa do Mundo, em 2010, sediada na África do Sul, na festa de abertura em Johanesburgo, destacaram-se entre tantos convidados, o som contagiante do grupo hip hop/dance Black Eyed Peas e sua bela vocalista Fergie, a irresistível música do cantor e guitarrista maliano Vieux Farka Toure, celebrando uma ótima fusão do blues africano com o reggae e o dub, a beleza da voz e charme da cantora colombiana Skakira.

Mas o bom mesmo, que surpreendeu e superou todas as apresentações, foi o discurso do arcebispo da Igreja Anglicana Desmond Tutu, Nobel da Paz em 1984, vestido com a camisa da seleção da casa e um cachecol dos Bafana Bafana, prestando uma emocionante homenagem a Nelson Mandela, saudando "bem-vindos ao solo sagrado da África do Sul!"
Desmond foi o primeiro negro a ocupar o cargo de arcebispo da Cidade do Cabo, e também o Primaz de sua igreja por dez anos, a partir de 1986. Junto com Mandela foi uma das figuras centrais do movimento contra o Apartheid, liderando protestos em locais públicos contra o governo sul-africano. Soube muito bem vestir-se com indumentárias de altas posições no clero africano para lutar contra a segregação racial em seu país e no mundo.
Dizia que a fé e compreensão bíblica sem trabalho e coragem é uma crença morta. Nas últimas décadas Desmond Tutu assumiu abertamente pautas atuais e falava sobre a ocupação do território palestino por Israel, os direitos da população LGBTQIA+, as mudanças climáticas e tantos outros temas urgentes.
Diagnosticado com câncer de próstata no início dos anos 90, Desmond Tutu faleceu nesta de manhã de domingo natalino, aos 90 anos.
“Ó, Cristo Rei, branco de Oxalufã, zelai por nossa negra flor pagã, salve a batina do bispo Tutu”, como louvava Gilberto Gil em Oração pela libertação da África do Sul, gravada no disco Dia Dorim Noite Neon, 1985.

Nenhum comentário: