Acima, reprodução de Impressão, nascer do sol, o mais célebre quadro de Claude Monet, de 1872.
O óleo sobre tela mostra o amanhecer no porto Havre, região da Alta Normandia, França.
Exposta no Museu Marmottan, em Paris, a pintura magnetiza, imanta, ou mais apropriadamente, impressiona, pela beleza da névoa cerrada sobre o estaleiro, o movimento dos barcos e a fumaça que sobe das chaminés ao fundo.
Conta-se que o crítico Louis Leroy ao ver a obra teria se espantado, dito e se arrependido da pressa:
“Ao contemplar, pensei que meus óculos estivessem sujos: o que aquela tela representava? O quadro não tinha direito nem avesso... Impressão, nascer do sol! Claro que impressiona: qualquer papel pintado em estado embrionário está mais concluído do que essa marinha.”
Do comentário deu-se o nome do quadro, criou-se o termo “impressionismo”, que passou a ser o nome do movimento, que se tornou sinônimo de Monet. Tempos depois, o próprio Leroy se vangloriava de ter contribuído de forma enviesada para a história.
Praticamente toda a obra de Monet se caracteriza por pinturas que retratam paisagens. Era sua paixão o mundo lá fora do jeito que o impressionava por dentro. E de tanto trabalhar horas e horas exposto ao sol dos verões, e em busca de claridade ao ar livre noutras estações do ano, o pintor contraiu catarata aos 67 anos. Mas não parou de pintar, passou a usar cores fortes para senti-las, como o vermelho-carne. E continuou por mais de dez anos em frente ao cavalete, as cores das paisagens dilatando enquanto a escuridão chegava. Aos 83 anos estava quase totalmente cego, sem ver por fora o que continuava mais aceso e vermelho em seu coração.
A pintura tinha um trato com Monet: manteve-se viva, direcionando as mãos com os pinceis, esculpindo em cores o tempo que chegava ao fim. Um pouco mais abaixo dos olhos, um câncer de pulmão o levou aos 86 anos. O olhar cerrado noutra dimensão continuava impressionando.
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