
Essa figuraça aí na foto é um dos meus
melhores amigos em Fortaleza: Firmino Holanda, pesquisador, crítico e
professor de cinema, cineasta, roteirista, músico, tem uma coleção de
vinil riquíssima, e um dos papos mais inteligentes e lúcidos sobre tudo.
Desde os anos 70, quando começamos a fazer filmes em Super-8, que nossa
amizade se firmou, pra usar aqui um trocadilho com seu nome. Não
conheço outra pessoa mais apaixonada por Glauber Rocha. Veneração total.
Nas longas horas em que ficávamos conversando e ouvindo música em sua
casa, eu brincava dizendo que ele se benzia ao passar diante de um
enorme poster do cineasta baiano fixado na seu quarto-biblioteca. Igual a
mim, Firmino é um "catador de papel", guardamos pastas e pastas com
recortes de jornais e revista sobre cinema, e trocávamos matérias
repetidas.
Outra paixão de Firmino é Orson Welles, e por conta
disso publicou o livro "Orson Welles no Ceará", em 2001, uma pesquisa
que considero a mais completa e definitiva sobre a passagem do cineasta
em terras alencarinas para rodar "It's All True". Escreveu ainda
"Benjamin Abraão - Juazeiro, cinema e cangaço", em 2000, outra maravilha
de leitura sobre o fotógrafo que filmou Lampião.
Ano passado participou na pesquisa para o ótimo "Cartografia do Audiovisual Cearense", organizado por Luiz Bizerril.
Firmino como músico é uma agradável surpresa: faz trilhas que entendo como arranjos secos e ao mesmo tempo minimalistas.
Louco por Frank Zappa, perguntei-lhe uma vez qual o disco que ele mais gosta do roqueiro de Baltimore, ele respondeu: "todos".
O cineasta Petrus Cariry é um felizardo por ter o Firmino em seus filmes, como roteirista e montador.
Firmino não tem Facebook, não usa celular, nem sequer e-mail. Nem
viaja. A saída mais longa dele foi de Fortaleza a Juazeiro do Norte, ou foi Crato, e faz tempo.
Computador, para escrever, claro. E apenas. Quando quero falar com
ele, telefone fixo, ou mando recado por amigos em comum, como agora:
mostra a ele esta postagem, Petrus.
Resolvi escrever sobre meu
amigo querido e singular porque, pesquisando sobre cinema cearense,
encontrei algumas fotos suas, que nem imaginava. Disso ele não pode se
livrar: está na rede nem que não queira.
Abraço grande, meu caro!