
"Ouço tudo, tudo me chama a atenção. Mas nada nunca mais me tirou do sério. As únicas coisas que me fizeram isso foram 'Rock around the clock', com Bill Haley & his Comets, porque nunca tinha ouvido uma coisa assim, e 'Sgt,. Pepper's', dos Beatles, que mudaram tudo. O resto é evolução do que já existe."
Olha aí o Tremendão Erasmo Carlos falando certo, certíssimo! Desde as despreocupadas tardes de domingo da Jovem Guarda, que o grandalhão roqueiro tijucano diz coisa com coisa, sim.
Erasmo era o badboy daquela turma, ao contrário do parceiro Roberto, com seu eterno ar de moço bom. Pose pra capa de disco ou não, Erasmo se manteve autêntico, com boas letras, boas melodias, e sobreviveu ao natural apagão do iê-iê-iê, com bons discos nas décadas de 70 a 90, com um e outro não tão inspirados. "Carlos, Erasmo", de 1971 é um bolachão essencial, assim como "Banda dos contentes", seis anos depois. São quase 30 discos de 1965, quando lançou o aparentemente ingênuo "A pescaria", até esse recente, "Rock 'n' roll", lançado no último dia 5, quando completou 68 anos de idade. É... nossos ídolos estão envelhecendo, revelando assim nossas bem ou mal traçadas linhas no tempo. Mas como diz o belo título do livro do poeta mineiro Márcio Borges, "Os sonhos não envelhecem", Erasmo chega aí todo de preto empunhando sua guitarra, com o som do seu rockzinho antigo que não tem perigo de ferir ninguém...
Produzido por Liminha e com 12 faixas em parceria com Nelson Motta, Nando Reis e Chico Amaral, o disco não é rigorosamente roquenrou do começo ao fim, como sugere o título. Mas tem nas canções a essência do rock, em sua tempestade e calmaria. Gostei das letras, da criatividade com simplicidade que costuram os versos.
Como ele mesmo confessa na ótima "Cover" ("eu sou meu cover, cover de mim"), o disco é exatamente autêntico por ser evolução do que existe.
2 comentários:
Nirton, ouvi algumas faixas do disco do Erasmo e também gostei. A última música, que nem é um rock, é um ska ou reggae, é muito boa.
é, Bertini, o disco não é um mesmo um disco de rock. A faixa que você fala, "Celebridade", é um reggae misturado com calyso, e tá lá o João Barone e outros engajados paralâmicos tocando trumpete, trombone, pra dar esse molho caribenho.
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