
Depois da absurdo da proibição, recolhimento das livrarias e inceneração do livro "Roberto Carlos em detalhes", ano passado, mais uma obra literária está ameaçada pela censura dessa gente hipócrita, careta e covarde. A autobiografia do produtor musical André Midani, "Música, ídolos e poder - do vinil ao download", lançada mês passado pela editora Nova Fronteira, corre sério risco de ser banida das prateleiras.
Seguinte: a família de Enrique Lebendiger, que foi proprietário da gravadora RGE, exige que a venda nas livrarias seja proibida. Por que? Porque o autor escreveu que o senhor Lebendiger, "era figura exótica que não tinha capacidade nem seriedade profissional para acompanhar a carreira de um profissional do calibre de Chico Buarque".
Não conheci o tal Enrique Lebendiger, mas acompanhei esses anos todos a carreira de André Midani, competente profissional que atuou como executivo no mercado fonográfico brasileiro, passando por gravadoras de peso como a Odeon, Phonogran, WEA. A música brasileira deve muito a ele. Desde da década de 50, esse sírio de nascimento tem lugar privilegiado nos bastidores da nossa música. E não por acaso, é conhecedor de todos os meandros que envolvem a indústria do disco. Se está equivocado quanto à capacidade do ex-dono da RGE, os senhores herdeiros têm todo o direito de reclamar, claro. Agora, proibir a venda do livro é de uma estupidez medieval. Censurar, há ainda quem se atreva, sim!
Ao contrário da editora do livro biográfico de Roberto Carlos, a Planeta, que simplesmente abandonou o autor Paulo César de Araújo no embargo com o "rei", a Nova Fronteira está propondo um acordo à família, comprometendo-se a retirar das próximas edições o trecho que desagrada aos queixumeiros. Tudo bem, é uma atitude que busca uma solução pacífica. Mas continua uma censura em termos e meios.
Ah, em tempo: Midani está presente nos discos da Bossa Nova à Tropicália, dos principais grupos de rock das décadas 70, 80 e 90, nos festivais de música. Ele reuniu um número importante de cantoras, cantores e bandas. De todos os grandes, o único que não esteve sob a sua condução foi o "rei" Roberto Carlos, aquele que é uma brasa, mora! e manda queimar livros.
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