Cioran é um mestiço brasileiro que, depois do exílio na França, resolve voltar ao sertão, em busca da sua origem e da história do seu povo. Por guia, ele toma a figura misteriosa de uma velha índia. O destino de Cioran, que vive um novo exílio na nação real/imaginada, cruza com os guerreiros do reisado e os índios da banda de pífanos, grupos de folguedos dramáticos populares que vagam pelo sertão. Os conflitos entre o Reisado e a banda de pífanos remetem à tragédia fundadora do Ceará, quando Dom Pero Coelho, no ano de 1603, em busca do Eldorado, encontra a guerra, a peste, a fome e a loucura.
Em poucas palavras é essa a proposta de "Siri-Ará", oitavo longa-metragem de Rosemberg Cariry, que será exibido hoje à noite na competição do 41º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O filme é uma reflexão sobre os encontros e desencontros dos “mundos” que marcam a invenção da nação brasileira.
Tive o prazer de ser assistente de direção de Rosemberg em "Corisco e Dadá" e em alguns curtas-metragens. É um dos cineastas mais dedicados ao estudo da cultura nordestina. Conversar com ele sobre o tema não dá: o bom é somente ouví-lo. E está sempre se renovando na busca de compreender e divulgar nossa história. Seus filmes estabelecem uma poética ligação entre o erudito e o popular, característica que o identifica como um diretor que sabe fazer o caminho do particular para o universal.