terça-feira, 23 de setembro de 2008

o americano tranqüilo

foto Miramax Films

- Sabe por que não tem golpe de estado nos EUA?

- Porque lá não tem embaixada dos Estados Unidos - perguntava e logo respondia o espirituoso jornalista e escritor Joel Silveira, falecido ano passado aos 88 anos.

Sobre o assunto, do golpe de estado, é bom rever o filme de Philip Noyce “O americano tranqüilo” (The quiet american), adaptação do romance de Grahan Green, editado em 1955. Ou se preferir, ler o livro, que considero bem melhor, mesmo evitando comparar uma coisa com a outra. O filme é de 2002, com Michael Caine e Brendan Fraiser no elenco. É justamente Fraiser que me incomoda, com aquela cara de caçador de múmias, no papel de um agente da CIA que vai a Saigon de 1952 em plena guerra, envolvida na luta pela libertação do local do domínio francês.

A história é a seguinte: o tal agente, idealista que só, conhece um veterano correspondente do jornal London Times, na pele de Michael Caine, que lhe apresenta uma vietnamita com quem está envolvido, esta interpretada mais do que na pele no belo corpo da atriz Do Thi Hai Yen. Logo o agente também se envolve com a moça, criando um triângulo amoroso que traz uma série de revelações.

Num resumo de uma história de amor, diríamos que o sedutor estadunidense, diante de “nossa” eterna cumplicidade e submissão, apodera-se do coração da “nossa” linda amante. E ainda planta a semente do golpe que transferirá da França para os EUA o comando da força de ocupação no Vietnã. Mas, somente depois da vitória dos heróis Ho Chi Minh e Vo Giap sobre os franceses.

O presidente Lula esteve recentemente com Giap, na cidade de Ho Chi Minh (ex-Saigon), a maior do Vietnã. A visita ao herói nonagenário, que colocou primeiro a França e depois os Estados Unidos com o rabo entre as pernas, talvez tenha despertado em nosso presidente a lembrança de que não é de hoje que as embaixadas estadunidenses patrocinam essas visitas de “americanos tranqüilos”.

A referência aqui é ao senhor embaixador Philip Goldberg, flagrado em articulações separatistas junto às lideranças fascistas de departamentos autonomistas na Bolívia. Elas vêm espalhando o terror e o ódio contra o estado de direito democrático do estado boliviano. Entre os atos de terrorismo, o assassinato racista de “índios sujos”, saque a prédios públicos e sabotagens de gasodutos.

O senhor Goldberg, sabe-se, é hoje o protótipo do americano tranqüilo de Grahan Green. Como embaixador dos EUA na Ex-Iugoslávia, orquestrou a crise separatista que resultou na independência unilateral do Kosovo, ainda não reconhecida por muitos.
fonte da notícia: H S Liberal

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