"Glauber Filho anda rindo à toa", diz a notícia do jornal O Estado de São Paulo, sobre um dos diretores do filme "Bezerra de Menezes - o diário de um espírita". O motivo da satisfação do cineasta, que não é herdeiro nem genético nem estético do diretor baiano, é que seu longa lançado semana passada nos cinemas, sem nenhuma força midiática (talvez mediúnica?), surprendentemente bateu em bilheteria nos três primeiros dias filmes como "Os desafinados", de Walter Lima Jr., que veio com todo natural aparato do nome do diretor, só pra começar.
Na exibição de "Bezerra" foram 1200 pessoas por cópia, o que contabiliza 50 mil espectadores de sexta-feira até domingo passado. Manteve alta média durante a semana e a consequência, segunda ainda notícia da Agência Estado na internet, é de que às 44 salas que exibiam o filme foram acrescentadas mais oito.
Vi o filme quarta-feira passada, aqui em Brasília, numa única sala num dos maiores e mais tradicionais shoppings da Capital. Sessão das 19h10. Sala lotadíssima. Sentei desconfortavelmente no chão. E assisti ao filme com uma satisfação muito particular. Glauber Filho e o Joe Pimentel (o co-diretor que a matéria do jornal esqueceu de incluí-lo no "riso à toa"), são meus conterrâneos, amigos, companheiros dos mesmos sets profissionais, da minha mesma geração de cinema em Fortaleza. Fiquei feliz em ver tanta gente assistindo ao filme deles. Gostei do filme, mas tenho resalvas quanto ao roteiro e a interpretação de alguns atores, assunto que abordarei depois aqui neste espaço numa análise mais detalhada.
Então, caro articulista do jornal paulista, Glauber Filho e também Joe Pimentel, não estão rindo à toa. Estão rindo merecidamente. A conquista de público no cinema brasileiro é sempre motivo de satisfação, e até mesmo de vitória. Vide a pilha de baboseira de filmes americanos lançados goela abaixo como se fossem grande coisa da cinematografia mundial.
É bem verdade que o filme do Glauber e Joe tem um público direcionado, no caso a comunidade da doutrina espírita, que é um detalhe que deve ser considerado, mas não exatamente determinante, porque trata da biografia de um personagem na história religiosa do país, como já foi de Padre Cícero e poderia ser de Frei Galvão. E até onde os conheço, os diretores não são espíritas. O que lhes dá um devido distanciamento. Glauber e Joe sequer são católicos praticantes. Batizados e jogados no mundo, vivem na árdua e custosa doutrina de fazer cinema no Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário