terça-feira, 22 de julho de 2025

o último take

Foto: Dani Sandrini

“Zita Carvalhosa portava sempre algo de primaveril, para a vida dos próximos e para o cinema brasileiro. Catalisar jovens talentos foi seu maior e raro dom’’, disse Amir Labaki, diretor do Festival de Cinema É Tudo Verdade, sobre a morte hoje, aos 65 anos, da queridíssima produtora, idealizadora e fundadora, em 1989, do Kinoforum — Festival Internacional de Curtas de São Paulo, evento que dirigiu por 35 anos.
Incluo-me nesses jovens cineastas, com meu primeiro curta, Um cotidiano perdido no tempo (1988), catalizado por Zita Carvalhosa.
O “algo de primaveril” que Labaki adjetiva é uma das doçuras que me encantava em Zita. Seu ar esguio, silencioso, em seu rosto Modigliani ao andar e sorrir, como um take de um filme campesino de Humberto Mauro.
Entre tantos e tantos e tantos trabalhos de Zita Carvalhosa para o cinema brasileiro, está a produdora SuperFilmes, com um perfil para projetos independentes e produções dirigidas por mulheres.
Os encontros nos festivais e outros eventos de cinema foram marcantes para nesse fôlego de saudade parafrasear Caio Fernando Abreu:
"Na minha memória - tão congestionada - e no meu coração - tão cheio de marcas e poços - você ocupa um dos lugares mais bonitos." 

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