“Tenho muitas experiências que são, penso eu, comuns a todos que possuem muitos livros (agora tenho cerca de quarenta mil volumes, entre Milão e minhas outras casas) e a todos que consideram uma biblioteca não apenas um lugar para guardar livros que já leu, mas principalmente um depósito para livros a serem lidos em alguma data futura, quando sentir necessidade de lê-los. Muitas vezes acontece que nossos olhos caem em algum livro que ainda não lemos, e ficamos cheios de remorso”.
- Umberto Eco em Sobre a literatura (Record, 2002), livro de ensaios e discursos proferidos ao longo de sua ilustre carreira.
O escritor busca entender a química de sua paixão pela palavra. De reflexões sobre Ptolomeu e "a força do falso" a considerações sobre a escrita experimental de Borges e Joyce, a inteligência luminosa e o conhecimento enciclopédico de Eco estão em exibição deslumbrante por toda parte. E quando ele revela suas próprias ambições e superstições, suas ansiedades e medos autorais, sentimo-nos no jardim da literatura que ele tantas vezes alude.
Acima, sequência de abertura do documentário Umberto Eco: Uma biblioteca do mundo, de Davide Ferrario, 2022.
Eco caminha pelos corredores abarrotados de livros de sua casa em Milão, em busca de um determinado volume que encontra entre mais de 50 mil (atualizando o número que ele disse no texto de 2002).
A filmagem foi realizada em 2015, um ano antes de partir, aos 84 anos, para a grande biblioteca, como Borges imaginava o Paraíso.
Hoje, 93 volumes de seu nascimento.
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