quinta-feira, 14 de março de 2024

cinema em transe



“Não há ninguém que se pareça com ele, nem de perto, no cinema de hoje - a força de sua obra, sua paixão intensa me fazem falta. Meu primeiro encontro com a obra de Glauber Rocha foi seu marcante Terra em transe (1967), que ajudei a restaurar vinte e cinco anos após sua estreia. O filme leva o espectador ao esgotamento, tão intenso e implacável é a sua confusão de sons e imagens. Até hoje nunca vi nada igual! Muito rápido me certifiquei de descobrir seus outros filmes, dos quais O dragão da maldade contra o santo guerreiro (1969) é o meu preferido. O engajamento pessoal de Rocha é tão grande que o estilo de seus filmes é inseparável de seu conteúdo político. Rocha não se contentava em pegar uma história e desenvolvê-la: ele criava verdadeiramente uma tapeçaria frenética de dor, cólera e sofrimento humanos que ele havia observado ao seu redor, em seu ofício tecido por sua grande inteligência.”

- Martin Scorsese em Cahiers du Cinéma, nº 500, março de 1996
Glauber e Scorsese encontraram-se três vezes, em Nova York, Los Angeles e no Festival de Veneza, em 1980. Nesse mesmo ano a artista plástica Paula Gaitán, à época sua esposa, fotografou em Portugal Glauber ao lado do cartaz do filme que o cineasta americano estava lançando, O touro indomável. A admiração era mútua. Em 1991 Scorsese posa para o fotógrafo Michael Chaiken segurando o cartaz de Deus e o diabo na terra do sol, um dos filmes restaurados juntamente com Terra em transe e O Dragão da Maldade, que receberam cópias novas em 35mm.
Hoje, 85 anos de nascimento do santo guerreiro do cinema brasileiro.

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