quinta-feira, 30 de junho de 2022

coreografia da alma

A bailarina e coreógrafa alemã Pina Bausch partiu para outros palcos em 2009, 30 de junho. Dois anos depois o cineasta Wim Wenders lançou uma merecida homenagem, o documentário Pina. Duas horas de fascinação na tela.


O filme estava sendo rodado quando a bailarina foi diagnosticada com câncer. O cineasta tocado pela partida repentina, continuou o documentário de forma ainda mais belamente surpreendente: manteve muitas das imagens da coreógrafa enquanto novas cenas são captadas, em espetáculos, entrevistas, silêncios...
Para dar essa composição sensorial, Wenders filmou em 3D, e assim reproduz uma sublime sensação de imaterialidade, como se a bailarina continuasse com sua presença no mesmo instante, em diálogo coreográfico de uma dimensão palpável com o abstrato, do tablado com o metafísico, do sonho dentro da realidade. Nunca no cinema o recurso tecnológico da tridimensionalidade foi tão bem usado, ao contrário do que se vê em algumas produções hollywoodianas.
Pina é um dos mais criativos documentários do cinema moderno, assim também como fez a cineasta belga Chantal Akerman em 1983, com Un jour Pina m'a demande, registro de viés conceitual de uma turnê da companhia da bailarina pela Europa, produzido para televisão.
Da mesma maneira como a dança desenha e esculpe no espaço a respiração da alma, Wim Wenders consegue consubstanciar o onírico em seu filme. E quando se trata de Pina Bausch a proporção do olhar reverbera infinitamente.

quarta-feira, 29 de junho de 2022

a vez de Pedro, a voz de Paulo


Na liturgia católica, Pedro e Paulo são considerados exemplos de apóstolos fiéis a Cristo.

Hoje é celebrada a data em homenagem aos dois santos. A escolha no calendário é muito remota, não se sabe se foi marcada pelo dia da morte de um deles, ou se pelo traslado de seus restos de um local para outro mais seguro.
Na tradição do Cristianismo, a remoção dos restos mortais e dos objetos pertencentes aos santos era um ritual que se estendia por horas, com procissões e vigílias madrugada a dentro.
E hoje na folhinha do Vaticano, comemora-se o Dia do Papa, quando é entregue aos bispos e arcebispos o símbolo primário do cargo - cerimônia suspensa quando iniciou a pandemia. Pedro foi o primeiro a ocupar o trono onde está o argentino Francisco, e ficou com a tiara de Sumo Pontífice por 37 anos.
Nas Igrejas Ortodoxas o dia é também lembrado e festejado com a celebração de Jejum dos Apóstolos.
Ao longo dos séculos esses movimentos ecumênicos foram marcados por alterações, adaptações, o que faz o mundo moderno confundir religião com fé.
No Brasil seguimos o costume de comemorar com festas, bandeirinhas, comidas típicas, danças. E, sobretudo, com as chamadas "simpatias", como encontrar um amor e casar. Mas agora, neste ainda ano pandêmico, pedidos outros, de graças mais urgentes.
Celebrou-se de alguma forma por Santo Antônio e São João na última semana. Agora é com Pedro. A ele Cristo outorgou poderes com as chaves do Reino dos Céus. São Paulo de Tarso continua na Dele, insigne autor milenar do Novo Testamento. É o biógrafo do Cristianismo.
A reprodução da imagem abaixo é um grafite do século IV, encontrado em uma catacumba romana onde supostamente estavam os dois santos.

terça-feira, 28 de junho de 2022

somewhere over the rainbow


No começo da madrugada de 28 de junho de 1969, oito policiais, alguns deles à paisana, entraram no bar The Stonewall Inn, em Nova Iorque, e aos gritos anunciaram que estavam tomando o lugar, ocupando o território, com a violência característica da arbitrariedade e preconceito. Predominante gay, o local era constantemente alvo de batidas policiais.

O ataque daquela noite, porém, teve repercussão inesperada e histórica. Motins reverberaram seguidamente entre os frequentadores, como reação às represálias, à discriminação e cerceamento da liberdade.
Os protestos desencadeados culminaram com a marcha ocorrida no dia 1º de julho de 1970. O evento tornou-se precursor das atuais Paradas do Orgulho LGBTQI+
Renato Russo lançou em 1994 o seu primeiro disco solo, intitulado The Stonewall Celebration Concert, LP e CD, em comemoração aos 25 anos dos motins. Com 21 belíssimas canções em inglês, de clássicos de Irvin Berlin e Leonard Berstein ao pop-folk da alemã-britânica Tanita Tikaram, passando por Bob Dylan, Madonna e Billy Joe, o disco é precioso pelo repertório e pontuação ao histórico acontecimento.
A bela capa do álbum, uma referência ao sexto e último disco de John Lennon, Rock n' Roll, de 1975, foi feita em frente ao prédio onde Renato Russo morava, na rua Nascimento e Silva, em Ipanema.
O cantor doou parte dos rendimentos dos direitos autorais do disco para a campanha Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, criada por Herbert de Souza, o Betinho, falecido em 1997, um ano depois de Renato.
A vida é um arco-íris de esperança e resistência no coração de tanta gente bonita.

segunda-feira, 27 de junho de 2022

o sopro da margem do rio


foto Arquivo Folhapress

No começo da década de 60, o escritor Guimarães Rosa trabalhava no Itamaraty, como diretor do Serviço de Demarcação de Fronteiras.

Entre protocolos bilaterais de países, sinos dos cilindros de máquinas de escrever descendo os papeis e conversas sobre inspeção de marcos, Rosa sentiu aproximar-se um sopro pela sala, uma aragem cordisburguense banhando-lhe os sentidos, um fluido tirando-lhe daquele ambiente e levando-o para outras margens. Não teve dúvida, era uma inspiração, vinha-lhe um conto! Vestiu o paletó, saiu às pressas, desceu e pegou o bonde para casa, nas imediações do Posto Seis, em Copacabana.
Otto Lara Resende em seu livro de crônicas O príncipe e o sabiá (publicado postumamente em 1994, organizado pela escritora Ana Miranda), diz que “durante a viagem, o conto delineou-se e surgiu inteiro, irretocável. Rosa o conduzia com o maior cuidado, para que não fugisse, nem se evaporasse. Levava-o – a imagem é dele – com a cautela de uma criança que leva um balão colorido que pode arrebentar.”
E assim surgiu o belíssimo A terceira margem do rio, incluído em Primeiras estórias, publicado em 1962, seis anos depois de Grande Sertão: Veredas. A imagem que Guimarães Rosa deu ao momento de inspiração - a força que tem quando vem para ficar e a fragilidade que tem para ir embora - é de uma beleza impressionante. Rosa é grandioso nas veredas e nas margens de todos os sertões da literatura brasileira.
Comemorando nesta segunda-feira 114 anos de seu nascimento.

domingo, 26 de junho de 2022

meu caminho pelo mundo


No dia 26 de junho de 1968 mais de 100 mil pessoas marcharam na Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio de Janeiro, em protesto contra a ditadura militar, sob o comando do general Costa e Silva.

A manifestação, inicialmente estudantil, foi incorporada por vários segmentos da sociedade civil. Políticos, intelectuais, artistas, aderiram à passeata tornando uma das mais significativas expressões populares do Brasil.
Muitos fotógrafos cobriram o acontecimento, muitas imagens ficaram marcadas, como as de Evandro Teixeira, à época do Jornal do Brasil. Entre tantos nomes famosos na multidão, o cantor e compositor Gilberto Gil, que hoje completa 80 anos, naquele dia comemorava na avenida seu aniversário de 26 anos.
Na passeata esteve também Chico Buarque, que comemorou seus 78 anos no último dia 19 cantando "que tal um samba / para espantar o tempo feio / para remediar o estrago" feito por esse desgoverno de milicianos.
Que o Buda Nagô acadêmico, que nasceu no mesmo paraíso zodiacal de São João, com a régua e o compasso que a Bahia lhe deu, "tome conta do destino, Xangô / da beleza e da razão" deste país. "O meu projeto Brasil / chama-se um Gilberto Gil."
Na foto, ao lado esquerdo de Gil, a cantora Nana Caymmi, com quem era casado, na ponta esquerda, Torquato Neto.

sexta-feira, 24 de junho de 2022

São João, Xangô Menino


Na fé cristã hoje celebra-se o nascimento de João Batista, aquele que não somente previu o advento do Messias na pessoa de Jesus, como teve a prerrogativa de batizá-Lo. Antes ninguém havia submergido outra pessoa na água em nome de Deus, como ritual de purificação. Juntamente com Antonio e Pedro, João compõe a tríade dos Santos Populares.

O título desta postagem é da música de Gilberto Gil e Caetano Veloso, gravada no disco Doces Bárbaros – ao Vivo, 1976. Os autores, de maneira livre, alegre e criativa, incorporam na letra o imaginário religioso, em combinação sincrética do local à transcendência da religiosidade cristã e o mito africano. Uma saudável manifestação de panteísmo múltiplo, com suas simbologias e expressões culturais.
Acima, reprodução do belíssimo quadro Nascimento de São João Batista, do pintor italiano Tintoretto, 1578. A obra renascentista encontra-se no Museu Hermitage, em São Petersburgo.

terça-feira, 21 de junho de 2022

o escritor da vida inteira


O publicitário de formação, bancário de profissão e pesquisador literário independente Felipe Pereira Rissato, há mais de 20 anos dedica-se a procurar e revelar raridades da vida e obra de Euclides da Cunha e Machado de Assis, e vem se notabilizando por achados iconográficos e textos inéditos desses escritores.

Como disse em uma entrevista à revista digital Voz da Literatura, de Brasília, em setembro do 2019, Felipe viaja para vários locais do Brasil e exterior, pois nem todo acervo de hemerotecas digitais de bibliotecas, como a Nacional no Rio de Janeiro, está disponível, forçando-o a pesquisar “em microfilmes e materiais originais, o que eu particularmente prefiro, embora o que dificulte sejam os custos de deslocamento e hospedagens, todos orçados por essa minha paixão!”
E foi numa dessas viagens de paixão pela literatura brasileira que Felipe encontrou em 2018, provavelmente a última foto de Machado de Assis (acima), publicada na edição da revista semanal argentina Caras y Caretas, de 25 de janeiro de 1908, encontrada na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional de España. A foto estampa uma breve matéria sobre "Homens ilustres do Brasil".
Hoje 183 anos de nascimento do imenso Machado de Assis. Como reverenciou Carlos Drummond de Andrade no poema A um bruxo, com amor, "Outros leram da vida um capítulo, tu leste o livro inteiro."

domingo, 19 de junho de 2022

nosso cinema de cada dia


Em 19 de junho de 1898 o italiano Afonso Segreto registra as primeiras imagens em movimento do território brasileiro: a entrada da baía de Guanabara, a bordo do navio francês Brésil.

O vídeo acima, produzido em homenagem à data, pela ArtCom, em 2016, pelos alunos de Imagem, Som e Música da Universidade Federal de São Carlos, SP, reúne trechos de filmes marcantes do nosso cinema.
Comemora-se hoje o Dia do Cinema Brasileiro, apesar dos canalhas da distopia.
Cinema guerreiro contra o dragão da maldade no Brasil em transe.

evoé, jovem artista!


Cálice, de Chico Buarque e Gilberto Gil, faixa dois do lado A do disco Chico Buarque, de 1978, em dueto com Milton Nascimento, foi composta em 1973, nos últimos anos da ditadura Médici, e tornou-se um clássico da canção de resistência ao regime militar.

As metáforas dos versos que passavam o recado e denúncia de um governo autoritário, repressor, violento em todos os sentidos, vão além da figura de linguagem.
O recurso da citação da Paixão de Cristo, a partir do título, para fazer uma analogia com a repressão que passava o país naquele momento, é de uma preciosidade poética marcante na história da música brasileira. Chico Buarque, além de recorrer ao imaginário bíblico na narrativa sobre o terror que vivíamos, pontua, por exemplo, com citações de lendas como “monstro da lagoa” quando se refere aos corpos “sumidos” que por vezes emergiam de águas de rios.
A análise de toda a letra é longa, é uma canção cheia de lucidez humana e política na grandiosidade lírica de cada verso.
Em 2011 o cantor e compositor paulistano Criolo postou em sua conta no YouTube, uma versão de Cálice, aparentemente despretensiosa, mas com necessário e preciso incremento de uma realidade social pulsante nas favelas, na abordagem denunciante do preconceito com nordestinos, negros, pobres... Nesse diálogo entre o original e a releitura “atualizando o aplicativo”, o jovem cantor, que dizia que não existe amor em SP, apresenta-se e diz que “a ditadura segue, meu amigo Milton / a repressão segue, meu amigo Chico / me chamam Criolo e o meu berço é o rap”.
Chico Buarque ouviu, gostou e reverenciou Criolo em um já histórico show naquele mesmo ano, em Belo Horizonte, citando trechos da versão, cantando mais um desdobramento da composição no ritmo discursivo do rap.
Completando hoje 78 anos de idade, o jovem Chico Buarque de todos os tempos.

sábado, 18 de junho de 2022

a última madrugada

 

"Cada coisa chegará no tempo próprio, não é por muito ter madrugado que se há de morrer mais cedo. (...) Vivi desde aqui até aqui."

- Fragmento de um parágrafo de Ensaio sobre a cegueira, página 169, de José Saramago, 1995.
Possivelmente o livro do escritor que melhor simboliza a imagem de um mundo imundo e bárbaro. A obra foi um dos principais motivos para o Nobel de Literatura, em 1998, o primeiro autor de língua portuguesa a ganhar o Prêmio.
Numa tarde de setembro de 1991 Saramago sofreu um deslocamento da retina, e aquela dolorosa experiência o acompanhou como uma luz de inspiração. Dias depois, enquanto aguardava o almoço no restaurante Varina da Madragoa, no centro de Lisboa, o escritor “como sempre, pensava em coisas vagas. De repente, surgiu-me o título ‘Ensaio sobre a cegueira’...”, disse em entrevista ao Jornal Lusitano, na edição de 27 de novembro de 1995.
O diário registra também um trecho de seu discurso de apresentação na noite do lançamento. Saramago afirmou que “Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso.”
Esse desejo do autor é uma consequência inevitável que a narrativa provoca, pelo incômodo e reflexão, a abstinência moral humana, a urgência de resgatar o afeto diante do caos e escuridão.
Adaptado para o cinema em 2008 por Fernando Meirelles, o romance distópico é a atualíssima imagem aterradora destes tempos sombrios em que sobrevivemos: na névoa de uma pandemia que ainda não acabou em volta do planeta, e aqui na cerração de um pandemônio ainda em volta do planalto central.
Na foto de Pedro Walter, o escritor na ilha espanhola Lanzarote, onde viveu até madrugar em 18 de junho de 2010, aos 87 anos.

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Corpus Christi

 

Seringueiro Chico Mendes, 1988, missionária Irmã Dorothy, 2005, indigenista Bruno Pereira e jornalista Dom Phillips, 2022.

"Quem cala sobre teu corpo / consente na tua morte"
- Ronaldo Bastos em Menino, musicado por Milton Nascimento, disco Geraes, 1976.

Colagem de ©Bruno Reis, jornal O Convergente, Amazonas.

segunda-feira, 13 de junho de 2022

trindade em Pessoa

 

“Vivemos da memória, que é a imaginação do que morreu; da esperança, que é a visão no que não existe; do sonho, que é a figuração do que não pode existir. Nesta trindade de vácuo.”

Trecho do Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa, sob o heterônimo de Bernardo Soares, uma espécie de diário íntimo poético, ou "uma autobiografia sem fatos", como ele denomina o primeiro capítulo. Fragmentado e reflexivo, curiosamente aproxima-se da prosa de um romance.
Hoje 134 anos de nascimento e desassossego do poeta.
Publicado em 1913, o livro tem a atualidade e a eternidade das inquietações humanas.

quarta-feira, 8 de junho de 2022

a tentação de ser livre

 

foto ©Nirton Venancio, Teatro Universitário, Fortaleza, 1980

Em 8 de junho de 1982 o ator e diretor de teatro José Carlos Matos fez seu último voo.

O avião da VASP que vinha de São Paulo chocou-se contra a serra de Aratanha, a 25km da capital cearense.
Zé Carlos, Zeca, como era conhecido e querido por todos no Ceará, foi autor de diversas montagens do seu Grupo Independente de Teatro Amador (GRITA), na década de 70 e começo de 80. Seu trabalho era corajosamente uma luta contra a ditadura militar escancarada.
Sua frase sempre repetida em palestras e entrevistas define bem seu perfil: "Eu não resisto à tentação de ser livre".

domingo, 5 de junho de 2022

"la poesía no quiere adeptos, quiere amantes"

 

O título das postagem é uma das célebres frases do poeta espanhol Federico Garcia Lorca, que fez da poesia sua companhia por todos os seus curtos e intensos 38 anos de vida, até ser assassinado pelo regime fascista de Francisco Franco em 1936. Na Espanha católica reacionária e do machismo patriarcal da época, ele foi perseguido por suas posições políticas, pelo seu pensamento libertário e por sua homossexualidade.
Sua obra de beleza e resistência está magnificamente bem expressa em poesia, prosa e teatro, como, por exemplo, no ótimo Poeta em Nova York, publicado postumamente em 1940, em que manifesta em versos cortantes a repulsa à brutalidade da “civilização mecanizada” da metrópole da América do Norte. Lorca estudou por nove meses, entre 1929 e 1930, na Universidade de Columbia.
Foi o tempo suficiente que suportou viver na cidade que ele chamava de uma “Senegal com máquinas”, pois, como escreveu em carta aos familiares, “Paris causou uma grande impressão em mim, Londres muito mais e agora Nova York me atingiu como um golpe na cabeça."
Uma suposta foto de Lorca sendo fuzilado no pátio da cadeia, replicada pela Internet, vai na contramão dos fatos que estudiosos, pesquisadores e biógrafos defendem. Nem sequer o físico do homem recitando o último poema antes de ser abatido condiz com o do poeta de Andaluzia. Para os historiadores é uma aberração com a vida de Lorca. Os franquistas não o expuseram como fizeram com outros intelectuais. Prenderam-no na surdina da madrugada, mataram-no e jogaram o corpo em vala comum para que a memória seguisse junto.
A foto acima é umas das colagens feitas pelo poeta, exposta na Fundação que leva o seu nome, em Madri. Presidida por sua sobrinha, Laura Garcia-Lorca de los Rios, a organização reúne mais de duas mil páginas manuscritas de poesia, prosa e drama, centenas de cartas, milhares de fotografias, uma biblioteca pessoal de 5000 volumes, e uma expressiva quantidade de recortes de jornais.
124 anos hoje de seu nascimento.
Ao contrário da vala comum onde estão os adeptos da estupidez, a poesia se eterniza no coração dos que amam.