foto Luiz Alves / Agência Câmara
"A nossa Câmara dos Deputados, em Brasília, é a única no planeta cujos integrantes não se sentam no plenário a debater ou discutir, analisar ou ponderar, expor e replicar. Ao contrário, os poucos deputados presentes parecem estar a passeio ou de passagem rápida, sempre de pé pelo corredor, num tumulto permanente que leva a perguntar: é possível legislar ou pensar sobre os destinos do país num ambiente assim? Não se parlamenta: se conversa ou se grita. Não há 'parlamento', mas simples aglomeração. Nenhum outro parlamento do mundo é assim. De onde vem essa prática insólita e absurda? Será outro legado dos tempos da ditadura implantada em 1964, dessa sui generis ditadura com deputados e senadores, em que o Congresso era apenas uma formalidade no jogo de faz-de-conta para simular democracia?"
Comentário à parte do jornalista Flávio Tavares em seu livro "O dia em que Getúlio matou Allende", publicado em 2004 e imprescindível para compreender um pouco mais, aliás, muito mais da história da vergonhosa política brasileira.
O deputado Clodovil Hernandes, era um estranho naquele ninho, e se entrou na política como um aventureiro, sem nenhuma vocação para o parlamento, foi, no mínimo, extremamente sincero em suas convicções, muito mais do que a cambada de nobres senhores envolvidos em mensalão, castelos e outras práticas indignas do Legislativo federal.
Uma das frases de Clodovil que marcou o seu primeiro discurso em 2007, ilustra bem aquilo lá:
"Fala-se muito em decoro parlamentar. Eu não sei o que é decoro com um barulho desses enquanto a gente fala. Aqui parece um mercado. Isso aqui representa um país. Nem na televisão, que é popular, se faz isso."
2 comentários:
Lamentável
Paulo Renato Santos
Lamentável, trágico, vergonhoso...
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