domingo, 31 de julho de 2022

a rua


 

foto ©Raphael Lucas
Da janela olhei debruçado
a história explodindo na rua firmino rosa:
os disparos no presidente em dallas
os tanques de 64 vindo de minas
dom fragoso chegando da paraíba
:
manchetes do mundo no beco da província
e o menino guardando tudo
para o poema no futuro do presente:
- um take de oliver stone
- um arquivo de sílvio tendler
- um frame de de sica.
Trecho do meu livro ©Trem da memória, lançado ontem na sede da Editora Radiadora, no Espaço Cultural Kraft, em Fortaleza.
Coordenação editorial: Alan Mendonça
Prefácio: Valdi Ferreira Lima
Posfácio: Mailson Furtado
O livro está à venda pelo site www.radiadora.com.br

sábado, 30 de julho de 2022

a voz da Radiadora


 Alan Mendonça

poeta, editor

o Trem chegou!


Editora Radiadora, 2022

Coordenação editorial: Alan Mendonça
Prefácio: Valdi Ferreira Lima
Posfácio: Mailson Furtado
Revisão: Galileu Viana
Capa: Joseph M. Turner
Concepção gráfica: Léo de Oliveira e Alan Mendonça
Lançamento: hoje, 16h às 20h
Local: sede da Radiadora, no Espaço Cultural Kraft, rua Itaiçaba, 108, Meireles, Fortaleza
Participações: Mona Gadelha, Lucio Ricardo, Calé Alencar, Parahyba de Medeiros, Charles Wellington, Alan Mendonça
Assessoria de imprensa: Kennedy Saldanha
Video
Oitoemeio Filmes
música: Heitor Villa-Lobos, trecho inicial de O Trenzinho do Caipira (Bachianas Brasileiras nº 2), regência Enrique Diemecke.

sexta-feira, 29 de julho de 2022

passageiros do Trem - Valdi Ferreira Lima, prefácio

 

Trem da Memória, poesia

Editora Radiadora, 2022
Coordenação editorial: Alan Mendonça
Posfácio: Mailson Furtado
Revisão: Galileu Viana
Capa: Joseph M. Turner
Concepção gráfica: Léo de Oliveira e Alan Mendonça
Lançamento: 30 de julho, sábado, das 16h às 20h
Local: sede da Radiadora, no Espaço Cultural Kraft, rua Itaiçaba, 108, Meireles, Fortaleza
Participações: Mona Gadelha, Calé Alencar, Parahyba de Medeiros, Charles Wellington, Alan Mendonça
Assessoria de imprensa: Kennedy Saldanha

Video
Roberta Laena / Editora Radiadora

O trem chegando


 

passageiros do Trem - Aila Sampaio, poeta, professora


Aila Sampaio, poeta, professora de jornalismo da Unifor
Trem da Memória, poesia
Editora Radiadora, 2022
Coordenação editorial: Alan Mendonça
Prefácio: Valdi Ferreira Lima
Posfácio: Mailson Furtado
Revisão: Galileu Viana
Capa: Joseph M. Turner
Concepção gráfica: Léo de Oliveira e Alan Mendonça
Lançamento: 30 de julho, sábado, das 16h às 20h
Local: sede da Radiadora, no Espaço Cultural Kraft, rua Itaiçaba, 108, Meireles, Fortaleza
Participações: Mona Gadelha, Lucio Ricardo, Calé Alencar, Parahyba de Medeiros, Charles Wellington, Alan Mendonça
Assessoria de imprensa: Kennedy Saldanha
Video
Roberta Laena/ Editora Radiadora

quinta-feira, 28 de julho de 2022

a casa


 

passageiros do trem - Mailson Furtado, posfácio

Trem da Memória, poesia

Editora Radiadora, 2022
Coordenação editorial: Alan Mendonça
Prefácio: Valdi Ferreira Lima
Revisão: Galileu Viana
Capa: Joseph M. Turner
Concepção gráfica: Léo de Oliveira e Alan Mendonça
Lançamento: 30 de julho, sábado, das 16h às 20h
Local: sede da Radiadora, no Espaço Cultural Kraft, rua Itaiçaba, 108, Meireles, Fortaleza
Participações: Mona Gadelha, Calé Alencar, Parahyba de Medeiros, Charles Wellington, Alan Mendonça
Assessoria de imprensa: Kennedy Saldanha
Video
Roberta Laena / Editora Radiadora

terça-feira, 26 de julho de 2022

chegando em Fortaleza

 

Trem da Memória, poesia

Editora Radiadora, 2022
Coordenação editorial: Alan Mendonça
Prefácio: Valdi Ferreira Lima
Posfácio: Mailson Furtado
Revisão: Galileu Viana
Capa: Joseph M. Turner
Concepção gráfica: Léo de Oliveira e Alan Mendonça
Lançamento: 30 de julho, sábado, das 16h às 20h
Local: Espaço Cultural Kraft, rua Itaiçaba, 108, Meireles, Fortaleza
Assessoria de imprensa: Kennedy Saldanha
Video
Oitoemeio Filmes
melodia: Ezio Bosso, Rain, in your black eyes, 2016

segunda-feira, 25 de julho de 2022

eu me lembro


 

Trem da Memória, poesia

Editora Radiadora, 2022
Coordenação editorial: Alan Mendonça
Prefácio: Valdi Ferreira Lima
Posfácio: Mailson Furtado
Revisão: Galileu Viana
Capa: Joseph M. Turner
Concepção gráfica: Léo de Oliveira e Alan Mendonça
Lançamento: 30 de julho, sábado, das 16h às 20h
Local: Espaço Cultural Kraft, rua Itaiçaba, 108, Meireles, Fortaleza
Assessoria de imprensa: Kennedy Saldanha
Video
melodia: Nino Rota, Amarcord

sábado, 23 de julho de 2022

transversal do tempo


Amy bebê e sua mãe, Janis Winehouse.
Amy Winehouse e sua mãe, Janis.

O tempo atravessando no coração de cada uma.
11 anos hoje sem uma na saudade de outra.
fotos
Acervo Winehouse Family, 1983
Richard Young, 2008

quinta-feira, 21 de julho de 2022

tinha um trem no meio do fime da minha vida



Trem da memória, poesia

Editora Radiadora, 2022
Coordenação editorial: Alan Mendonça
Prefácio: Valdi Ferreira Lima
Posfácio: Mailson Furtado
Revisão: Galileu Viana
Capa: Joseph M. Turner
Concepção gráfica: Léo de Oliveira e Alan Mendonça
Lançamento: 30 de julho, sábado, das 16h às 20h
Local: Kraft Atelier Coletivo, rua Itaiçaba, 108, Meireles, Fortaleza
Assessoria de imprensa: Kennedy Saldanha
Vídeo
Voz: Selton Mello
melodia: Hier encore, Georges Garvarentz

o Trem me segreda


 

Trem da memória, poesia
Editora Radiadora, 2022
Coordenação editorial: Alan Mendonça
Prefácio: Valdi Ferreira Lima
Posfácio: Mailson Furtado
Revisão: Galileu Viana
Capa: Joseph M. Turner
Concepção gráfica: Léo de Oliveira e Alan Mendonça
Vídeo: Roberta Laena
Melodia: Ednardo, Ausência, 1974

segunda-feira, 18 de julho de 2022

trenzinho caipira


 

Trem da Memória chegando



Editora Radiadora
Coordenação editorial: Alan Mendonça
Prefácio: Valdi Ferreira Lima
Posfácio: Mailson Furtado
Revisão: Galileu Viana
Capa: Joseph M. Turner
Concepção gráfica: Léo de Oliveira e Alan Mendonça
Vídeo: Roberta Laena

domingo, 17 de julho de 2022

a voz de Billie


foto Dennis Stock, 1958 / ©Steven Kasher Gallery


Southern trees bear strange fruit / Blood on the leaves and blood at the root / Black bodies swinging in the southern breeze / Strange fruit hanging from the poplar trees...
- Versos iniciais da canção Strange fruit que a cantora Billie Holiday cristalizou numa interpretação lancinante, extraída vagarosamente de cada recanto onde o coração arfava cada palavra. A letra é um dos hinos mais doídos sobre o racismo nos Estados Unidos, considerada a primeira canção de protesto, mais explicitamente sobre o linchamento de negros.
Billie fala das árvores do Sul que produzem uma fruta estranha, penduradas nos álamos, que derramam sangue em suas folhas e nas raízes. A referência é direta, o sentido mais do que alegórico: o grafismo nítido dos corpos de negros enforcados, balançando na brisa.
De autoria de Abel Meeropol, poeta e professor num colégio no Bronx, foi apresentada a Billie em 1939, no Cafe Society, um bar no porão de um prédio em Greenwich Village. A cantora ouviu e na mesma noite cantou. O impacto foi tão grande que por meses seguintes Billie ia ao local somente para interpretar Strange fruit.
Sua presença magnetizante no pequeno palco silenciava a plateia. Até os garçons paravam, evitando qualquer barulho, numa preparação de ambientação sacra. As luzes diminuíam, um único facho no rosto da cantora. Aquele pequeno universo subterrâneo tornava-se um útero onde pulsavam o lamento e a revolta contra a violência racial. Em um momento da letra, Billie Holiday torcia a boca, desenhando a expressão de rosto esganado numa árvore. Cantava e saía discretamente como entrava, e ia embora ouvindo os aplausos da calçada.
O que caracteriza o estilo de Billie Holiday é justamente o âmago da execução de cada nota em sua voz. A medula da alma na expressão melódica. Sua conturbada vida parece desfolhar-se em cada faixa dos quase 50 discos gravados, em estúdio e ao vivo.
Internada no começo de 1959 com agravamento de cirrose hepática, insuficiência cardíaca e edema pulmonar, faleceu meses depois, no final da tarde de 17 de julho.
Tinha 44 anos, dez quilos a menos, e o olhar triste no teto do quarto.

sábado, 16 de julho de 2022

sambista de valor

 

foto Arquivo Marcelo Bonavides

"Não tenho veia poética, mas canto com muita tática,
não faço questão de métrica, mas não dispenso a gramática"

Trecho com muita poética de O que vier eu traço, samba de 1926, de Alvaiade, batizado Oswaldo dos Santos, um dos maiores compositores brasileiros, carioca da gema, sambista de primeira ligado a Portela, exímio orador, tocava vários instrumentos, do cavaquinho a percussão.
A composição, em parceria com Zé Maria, ficou célebre com a ótima interpretação de chorinho apressado de Ademilde Fonseca, em gravação nos anos 40. As novas gerações conhecem a versão em “beat acelerado”, também admirável, de Baby ainda Consuelo, em disco que tem o título da música, de 1978. E, entre outras interpretações, a turma mais recente, das rodas de bamba e plataformas digitais, ouviu na simpática voz da sambista Teresa Cristina.
Clássicos como esse dignificam nossa rica música brasileira. E por trás de tanta beleza, métrica e gramática, muitos de nossos artistas do passado sobreviveram traçando com muita tática o que viesse de trabalho. Alvaiade segurava a onda e o tamborim do dia a dia com um salário de tipógrafo.
Como bem cantou Paulinho da Viola em 14 anos, "sambista não tem valor nesta terra de doutor", quando faleceu em 1981, aos 68 anos, Alvaiade passava dificuldades, tinha uma aposentadoria mixuruca.
Seu corpo permaneceu dois dias no IML antes de ser reconhecido. E seu nome continua pouco reconhecido.

quinta-feira, 14 de julho de 2022

a aparência do ser


Pensa que não entendo? O inútil sonho de ser. Não parecer, mas ser. Estar alerta em todos os momentos. A luta: o que você é com os outros e o que você realmente é. Um sentimento de vertigem e a constante fome de finalmente ser exposta. Ser vista por dentro, cortada, até mesmo eliminada. Cada tom de voz uma mentira. Cada gesto, falso. Cada sorriso uma careta. Cometer suicídio? Nem pensar. Você não faz coisas desse gênero. Mas pode se recusar a se mover e ficar em silêncio.

Essa é a principal fala do filme Persona, que Ingmar Bergman dirigiu em 1966. A enfermeira Alma dá uma espécie de diagnóstico a Elisabeth, atriz de teatro, que durante a apresentação da peça Electra, de Eurípedes, fica muda, e assim passa a viver, em silêncio diante de tudo, em atos comezinhos, em gestos minimalistas, sem nenhuma doença visível.
O sueco Bergman é o mais implacável dissecador da alma humana. Poucos cineastas conseguiram adentrar com a câmera os mais secretos sentimentos que encantam e perturbam o homem em suas relações afetivas.
Os seus personagens não escapam de sondagem psicológica, seus roteiros não se livram de acepção filosófica.
Em Persona, Liv Ullman e Bibi Andersson entregam-se às suas personagens de forma anímica, uma retratando na outra o que seria o ser e a aparência. E no cinema de Bergman as aparências não enganam.
Hoje 104 anos de nascimento do ser Bergman.

quarta-feira, 13 de julho de 2022

a bandeira do rock


foto ©Phil Dent / News Group Newspapers

Em 13 de julho de 1985, o irlandês Bob Geldof, ex-vocalista da banda Boomtown Rats, organizou o show Live Aid, que ocorria simultaneamente em Londres e Filadélfia, reunindo vários nomes famosos não somente do rock, como Led Zeppelin, The Who, Rolling Stones, Black Sabbath, também do blues, como B. B. King, e figuras emblemáticas da contestação política nos anos 60, como Joan Baez.

O objetivo era chamar a atenção para a miséria no continente africano, a partir da Etiópia. Muita música, discursos engajados, pressão em cima dos governos ricos para perdoar dívida externa dos países pobres. Se a intenção deu resultados práticos ao longo desses anos, é discutível. Pelo menos, por ocasião do show, e uma segunda edição em 2005, angariou fundos para a causa.
Desde então comemora-se neste cabalístico 13, o Dia Mundial do Rock.

terça-feira, 12 de julho de 2022

a moça que passa


foto ©Acervo Instituto Moreira Salles

O carioca de descendência francesa Marc Ferrez, falecido em 1923, aos 80 anos, foi o completo cronista visual das paisagens e dos costumes da segunda metade do século XIX e do início do século XX.

Não somente o Rio, todas as regiões do Brasil fazem parte da sua valiosa obra iconográfica. Construção de ferrovias e túneis, movimentos de rebelião no início do governo republicano, escavações de minas. Foi o primeiro a fotografar os índios botocudos no sul da Bahia.
Mas a graça da moça que passa de minissaia na Avenida Rio Branco, em 1910, é de um lirismo transgressor encantador.

domingo, 10 de julho de 2022

a beleza


Noémie Merlant em Paris, 13º Distrito (Lês Olympiades, Paris 13°), de Jacques Audiard.

Parafraseando Vinicius, move-se blindada em abstrações.

sábado, 9 de julho de 2022

o cinema de Vinicius

 

O cinema é infinito - não se mede.
Não tem passado nem futuro. Cada
Imagem só existe interligada
À que a antecedeu e à que a sucede.
Trecho do poema Tríptico na morte de Sergei Mikhailovitch Eisenstein, de Vinícius de Moraes, 1948. Um apaixonado pelo cinema, pelas mulheres, pela poesia, pela vida. Não necessariamente nessa ordem.
Em 2015 foi relançado O cinema de meus olhos, originalmente de 1991, com textos que o poeta escreveu a partir da década de 40, quando trabalhou no Consulado do Brasil em Los Angeles, e conviveu com nomes famosos como Orson Welles.
Na foto, Vinicius em Ouro Preto, 1952, quando visitou, fotografou e filmou, com seus primos Humberto e José Franceschi, as cidades mineiras que compõem o roteiro do Aleijadinho, para a realização de um filme sobre a vida do escultor que lhe fora encomendado pelo diretor Alberto Cavalcanti. O projeto não foi concretizado.
42 anos hoje sem o poetinha, que é infinito, posto que é chama.

sexta-feira, 8 de julho de 2022

por que você faz cinema?

 
fotos Enzo Venancio e Rubens Venancio / ©Oitoemeio Filmes

"Para chatear os imbecis. / Para não ser aplaudido depois de sequências dó-de-peito. / Para viver à beira do abismo. / Para correr o risco de ser desmascarado pelo grande "público. / Para que conhecidos e desconhecidos se deliciem. / Para que os justos e os bons ganhem dinheiro, sobretudo, eu mesmo. / Porque, de outro jeito, a vida não vale a pena. / Para ver e mostrar o nunca visto, o bem e o mal, o feio e o bonito. / Porque vi 'Simão no Deserto'. / Para insultar os arrogantes e poderosos, quando ficam como cachorros dentro d’água no escuro do cinema. / Para ser lesado em meus direitos autorais."

Resposta do cineasta Joaquim Pedro de Andrade (1932 - 1988) a uma enquete do jornal Libération, Paris, publicada em maio de 1987. Musicada por Adriana Calcanhotto, gravada no CD A fábrica do poema, 1994.
Sempre recorro ao mestre Joaquim Pedro quando me deparo com esse encantamento e perplexidade macunaímicas de fazer cinema, de ser artista no nosso convívio, de ser gauche na vida no Brasil.
Hoje a partir das 17h30 o Centro Cultural Banco do Nordeste, em Fortaleza, apresentará o encontro Diálogos Audiovisuais, focando o tema cinema documentário no Ceará. Com produção da Candeeiro Cultural, o bate-papo será mediado por Tiago Ribeiro, que apresentará o 5º episódio de A Padaria feita de sonhos, palavras e sons, de sua série sobre a Padaria Espiritual, importante agremiação literária que surgiu em Fortaleza em 1892, e reuniu escritores, pintores, músicos, sonhadores.
Será também exibido o meu documentário curta-metragem Dim, de 2007, sobre o artista plástico Dim, do Museu Brinquedim, em que abordo num viés afetivo-biográfico o desenvolvimento de seu processo criativo, as influências determinantes na sua vida e na sua obra.
A Padaria "de casa em casa entregando o pão", Dim brincando e ensinando com a arte - porque, de outro jeito, a vida não vale a pena.
fotos Enzo Venancio e Rubens Venancio / ©Oitoemeio Filmes

quinta-feira, 7 de julho de 2022

nossos destinos foram traçados


foto Arquivo Lucinha Araújo / Viva Cazuza

No dia 7 de julho de 2010, exatamente 20 anos depois que o cantor Cazuza se foi, morreu Ezequiel Neves, aos 74.

O jornalista e produtor musical foi o grande amigo do exagerado, responsável pelo começo da carreira, na época do Barão Vermelho.
Os dois continuam em seu show daqui até a eternidade.

quarta-feira, 6 de julho de 2022

quadros de amor


Em meados de 2019 a jornalista e crítica de arte Laura Cumming, do britânico The Guardian, elaborou uma lista em que considera as dez melhores pinturas de amor.

Numa constelação de obras que pintores criaram ao longo de séculos, é relativo, discutível e difícil fechar um índice tão moderado sobre o tema.
A seleção da crítica reúne quadros de artistas em períodos e movimentos estéticos diferenciados, colocados em ordem cronológica, do primeiro, o barroco A Noiva Judia, do holandês Rembrandt, século 17, ao décimo, o pop-art Love do norte-americano Robert Indiana, 1966, que virou uma icônica imagem reproduzida em esculturas, postais, camisetas, botons, estampa de selo, e até piso de quadra de tênis.
Destaco o curioso Autorretrato como Tehuana, de Frida Khalo, de 1943, que começou a pintar três anos antes, logo quando se separou de seu grande amor, o também pintor Diego Rivera. Frida tem um olhar tristonho... e sobre as características sobrancelhas espessas, a imagem de Rivera, como uma tatuagem na alma. Não à toa, a obra é também intitulada “Diego em meus pensamentos”. Não por acaso a autora vestida como uma devota, com o Tehuana, um traje típico regional dos mexicanos, muito usado em eventos religiosos.
Rembrandt foi um artista quase obsessivo pelo autorretrato em suas pinturas, talvez em uns cem quadros esteja presente. Mas desde a Renascença, quando essa representação de si mesmo passou a ser reproduzida na história da arte, Frida Khalo é a que mais disseca o próprio espírito nos traços e nas tintas, a que mais dilacera sua condição emocional, expõe as vísceras de suas dores, sem constrangimento e muito menos autocomiseração. A arte e o amor pelo avesso.
6 de julho, 115 anos de nascimento de Frida.