A interrogação feita pela vereadora Marielle Franco, um dia antes de ser executada, remete ao canto de paz de Bob Dylan, Blown’ in the wind, composto em 1962 e gravado no seu segundo disco, um ano depois.
Numa única pergunta, assustada e resiliente, a lúcida e corajosa militante do Complexo da Maré resume a série de questionamentos que o compositor de Minnesota fez em plena guerra fria, “quantas balas de canhão precisarão voar até serem para sempre banidas?”, “quantas mortes ele causará até saber que pessoas demais morreram?”, “quantos anos algumas pessoas podem existir até que sejam permitidas ser livres?”
Marielle enfrentou a guerra fria da injustiça, da barbárie institucionalizada pelo poder, pisou o campo minado do mal que a força sempre faz, como apontava Belchior.
Até quando outras Marielles pombas da paz precisarão sobrevoar entre balas os rios de outros janeiros?
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