sexta-feira, 7 de agosto de 2009

cadernos de viagem - CineCeará

foto Nirton Venancio

O 19º Festival Ibero-americano de Cinema, o CineCeará, em Fortaleza, que começou no dia 28 de agosto, terminou terça-feira, 4, com a exibição do longa "Siri-Ará", de Rosemberg Cariry, logo após a solenidade de premiação. Mais do que acompanhar a maratona de filmes durante uma semana, participei no júri da mostra competitiva de curta-metragem, ao lado de Esdras Rubin, Jose Acevedo, Lis Kogan e Sílvio Toledo. E resultado de juri é sempre complicado, por mais que as opiniões cheguem a consenso, conformidade e concordância sobre os filmes apresentados.

Prefiro comentar aqui, rapidamente, um evento paralelo do festival, a Mostra Che: Olhares no Tempo, que exibiu dez filmes, entre longas, médias e curtas, sobre o guerrilheiro Ernesto Guevara. Com todas as sessões lotadas, impossível não se emocionar com a completa radiografia reflexiva sobre o homem, o político e o mito.

Abordagens das mais diversas nos fazem adentrar na história, compreender, indignar-se, revoltar-se. "Kordavision", de Hector Cruz Sandoval, filme sobre o brilhante fotógrafo cubano Alberto D. Korda, autor da famosa foto de Che; "El dia que me quieras", de Leandro Katz, uma espécie de sensível meditação sobre a última foto do guerrilheiro, já morto, deitado sobre uma mesa; "Meu filho Che", de Fernando Birri, testemunhos e recordações do pai, Dom Ernesto Guevara; "Carabina M2 - Uma arma americana", de Carlos Pronzato, registro do pensamento político e das ações guerrilheiras, tendo como mote a arma que matou Che; "Donde nunca jamás se lo imaginam", de Manuel Pérez, imagens inéditas sobre a trajetória de Guevara; "Hasta la victoria siempre", de Santiago Alvarez, diversos aspectos da vida do personagem, com fotos da Bolívia rural; "Personal Che", dirigido pelo brasileiro Douglas Duarte, um inteligente exame da exploração em torno da lenda; "Pesquisa de um mito" (dividido em três partes, "Nascimento de um guerrilheiro", "Morte de um guerrilheiro" e "As causas do fracasso"), do italiano Roberto Savio, documentário com depoimento dos que conheceram Che, e foram seus amigos ou inimigos.
Ainda foram exibidos "Che, o argentino - Parte 1", de Steven Soderbergh, e "Diários de motocicleta", de Walter Salles. E mais: o festival exibiu na abertura a segunda parte do filme de Soderbergh, "Che - a guerrilha", que será lançado no Brasil no final deste ano.

O destino de Che Guevara fez à história um ardil inesperado, no mesmo momento em que é assassinado lhe dão uma nova vida, como observou o cineasta argentino Settimio Presutto, curador da mostra juntamente com Margarita Hernandez, cineasta cubana radicada no Brasil.
Uma pena que esses documentários fiquem restritos à programação em festivais.

O senhor na foto acima é Luiz Garcia Gutierrez, comunista e dentista cubano, como gosta de ser chamado, que mascarou o rosto de Che Guevara para entrar na Bolívia, no final dos anos 60. Gutierrez, conhecido como Fisín, conviveu muito tempo com Che, e contou várias histórias. Aos 92 anos de idade, de uma lucidez e saúde impressionantes, foi a figura mais simpática do Festival, cativando a todos, recordando-se de tudo.

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