Em cartaz filmes inéditos, longas, curtas,
ficção, documentário, digital, 35mm... a volta ao tradicional Cine
Brasília... sem horário de verão, com baixa umidade de setembro... equipe
enormes de curtas no palco, diretor que não veio e é representado pela
montadora, discursos e agradecimentos intermináveis no palco, discursos
rapidinhos "espero-que-gostem-do-filme", reclamações, polêmicas,
aplausos, vaias, atores de filmes que estão em novelas e os holofotes
das tvs correndo atrás junto com os caçadores de autógrafos com seus
iphones pra pegar uma foto, plateia de todos as tribos, das roupinhas de
grifes às tatuagens descoladas, muvucas laterais nas barraquinhas high
tech com cervejas long ness e sanduíches com preços abusivos, pegações,
reencontros, "ficantes", gente linda, gente chata, desesperados atrás de
convites pra festas com djs da hora, entra-e-sai no hall do hotel,
convidados exibindo credencial como se fosse medalha, convidado
reclamando que não recebeu credencial, salão do café da manhã lotado com
cineastas consagrados e curtas-metragistas desconhecidos estreiando o
seu décimo filme digital, oficinas com quem sabe ministrar oficinas,
workshop que é a mesma coisa de oficina ministrado por quem não sabe nem
de uma coisa nem de outra, perfomances sem-ver-nem-pra-quê, debates que
começam atrasados porque os participantes ainda estão no café,
homenageados sem nenhum motivo, homenageados tardiamente, premiações
injustas, premiações certíssimas...
O Festival de Brasília é histórico e histérico.
O Festival de Brasília é histórico e histérico.