segunda-feira, 8 de março de 2021

a soberana do sertão


"A baiana Maria Gomes de Oliveira era chamada desde a infância de Maria de Déa, em referência a sua mãe. Nem a família nem o bando de Lampião a tratavam por Maria Bonita, apelido que só se difundiu após sua morte. Há algumas versões sobre a origem desse nome. Uma delas diz que se tratou de invenção dos repórteres dos jornais do Rio de Janeiro, possivelmente inspirados no filme 'Maria Bonita', lançado em 1937 e baseado na obra de mesmo nome de Afrânio Peixoto, de 1921. Outra, que teria sido dado por soldados que se impressionaram com a beleza da cangaceira, quando da chacina em que ela foi morta, em 28 de julho de 1938, aos 28 anos."

- Trecho do ótimo e imprescindível livro Maria Bonita: Sexo, Violência e Mulheres no Cangaço, de Adriana de Negreiros, lançado pela Editora Objetiva em 2018.
O filme que a autora cita foi dirigido por Julien Mandel. É uma história urbana, ambientada no Rio de Janeiro, sobre uma moça que por sua beleza chama a atenção de muitos pretendentes. A personagem do livro de Afranio Peixoto, escritor e médico baiano, foi inspirada na esposa de um rico fazendeiro de gado e cacau no interior da Bahia. A relação entre as Marias é somente a beleza.
Ainda hoje há imprecisões quanto a data de nascimento de Maria Bonita, em Paulo Afonso, 10 de fevereiro de 1910 ou 8 de março de 1911, esta coincidentemente no Dia Internacional da Mulher, em referência à histórica passeata das mulheres na Rússia Imperial, contra o desemprego e as péssimas condições de vida da população. Foram elas que saíram às ruas para protestar, o que culminou com a Revolução de 1917. Em 1975 a ONU instituiu oficialmente a data. A semente dessa comemoração foi em 20 de fevereiro de 1909, em Nova York, quando as mulheres se manifestaram pela igualdade de direitos civis e em favor do voto feminino.
Acima, foto retificada e colorizada por Rubens Antonio sobre original de Benjamin Abrahão, de 1936.

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