
"Ouço
tudo, tudo me chama a atenção. Mas nada nunca mais me tirou do sério.
As únicas coisas que me fizeram isso foram 'Rock around the clock', com
Bill Haley & his Comets, porque nunca tinha ouvido uma coisa assim, e
'Sgt,. Pepper's', dos Beatles, que mudaram tudo. O resto é evolução do
que já existe."
Olha aí o Tremendão Erasmo Carlos falando certo, certíssimo! Desde as despreocupadas tardes de domingo da Jovem Guarda, que o grandalhão roqueiro tijucano diz coisa com coisa, sim.
Erasmo, que faz hoje 74 anos, era o badboy daquela turma, ao contrário do parceiro Roberto, com seu eterno ar de moço bom.
Pose pra capa de disco ou não, Erasmo se manteve autêntico, com boas
letras, boas melodias, e sobreviveu ao natural apagão do iê-iê-iê, com
bons discos nas décadas de 70 a 90, com um e outro não tão inspirados.
Carlos, Erasmo, de 1971 é um álbum essencial, assim como "Banda dos
contentes", seis anos depois. São quase 30 discos de 1965, quando lançou
o aparentemente ingênuo A pescaria, até esse recente, Rock 'n'
roll, lançado em 2009.
Produzido por Liminha e com 12 faixas
em parceria com Nelson Motta, Nando Reis e Chico Amaral, o disco não é
rigorosamente roquenrou do começo ao fim, como sugere o título. Mas tem
nas canções a essência do rock, em sua tempestade e calmaria. Gostei das
letras, da criatividade com simplicidade que costuram os versos.
Como ele mesmo confessa na ótima Cover ("eu sou meu cover, cover de
mim"), o disco é exatamente autêntico por ser evolução do que existe.