quinta-feira, 2 de abril de 2020

criatura do cinema

foto Rui Duarte Silva
"O cinema só trata daquilo que existe, não daquilo que poderia existir. Mesmo quando mostra fantasia, o cinema agarra-se a coisas concretas. O realizador não é criador, é criatura."
- Manoel de Oliveira, português, o mais velho cineasta do mundo, existiu em plena atividade até 2 de abril de 2015, quando faleceu aos 106 anos.
Entre os 27 e 30 anos foi piloto de automóveis, atividade decorrente de sua paixão por carros, influenciado pelo irmão. Ganhou fama nas pistas, até entrar no cinema em plena Segunda Guerra, com o longa Aniki Bóbó, 1942, uma invocação à infância ambientada nos conflitos do regime nazista e o nascedouro da ditadura fascista de Salazar em Portugal. Por sua estética, pelas ideias e pela narrativa, é considerado o primeiro filme neorrealista português, classificação defendida pelo historiador e crítico francês André Bazin em História do Cinema, de 1962.
E sobre o automobilista, em 2009 foi lançado pela Editora Caleidoscópio, de Lisboa, Manoel de Oliveira, piloto de automóveis, de José Barros Rodrigues, um interessante livro de quase 200 páginas com dezenas de fotografias, recortes, ilustrações e depoimento que mostram uma a pouco conhecida fase da vida do cineasta.
Da velocidade nas pistas ao ritmo de sinfonia intimista de seu cinema, Manoel de Oliveira viveu "entre a serenidade absoluta e o arrojo sem par", como disse no livro.

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