“Moro há 50 anos no centro de
Roma, na rua mais movimentada da cidade, que leva da praça Veneza à Basílica de
São Pedro.
Normalmente, essa rua está 24
horas por dia entupida de trânsito, de turistas e peregrinos. Há duas semanas,
está muda e deserta. Só de vez em quando ouve-se o grito de uma sirene de
ambulância e algum sem-teto passa. A cidade inteira está fantasmagórica como a
Los Angeles de 'Blade Runner'. Aqui, porém, desapareceram até os replicantes
extraterrestres.
O que significa uma pandemia como
essa para Roma, para a Itália, para a humanidade como um todo? Como ela age nas
mentes e nos corações de todos nós que, armados com tecnologias poderosas e
inteligência artificial, até poucas semanas atrás nos sentíamos os senhores do
céu e da terra?
Subitamente nos descobrimos
frágeis pigmeus diante da onipotência imaterial de um vírus que, por vias
misteriosas, escapou de um morcego chinês para vir matar homens e mulheres em
nossas cidades.”
- Trecho do artigo de Domenico De
Masi, sociólogo italiano, no jornal Folha de São Paulo, 22/3/2020.
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