foto ©Eduardo Anizelli
Em palestra na sessão de abertura da Feira Internacional de Paraty – FLIP, hoje às 19h, a crítica literária e professora emérita da USP Walnice Nogueira Galvão, defende a leitura de Os Sertões, de Euclides da Cunha, 1902, para entender situação dos pobres no Brasil.
Alguns trechos de sua conferência:
“Enquanto o processo de modernização capitalista não acabar e se passar a uma nova fase histórica, o livro continua relevante para se pensar o país.”
“O livro serve para pensar na morte de jovens negros nas periferias do Brasil, no desastre em Brumadinho, ou na militarização do país.”
Fez um paralelo dos moradores de Canudos com o movimento dos sem-terra, que considera muito à frente do que Euclides da Cunha relatou no livro:
“Enquanto os moradores de Canudos, liderado por Antônio Conselheiro, se voltaram para dentro, os sem-terra invadem espaços dos outros e do poder. Eles são ativos.”
Apontou que a cobertura da Guerra de Canudos foi uma das maiores fraudes da história do Brasil, pesquisa que fez nos jornais da época e serviu de base para seu livro No calor da hora, publicado em 1994: “talvez tenha sido a primeira fraude, e vocês sabem que não foi a última”, disse, fazendo crítica ao Exército e à imprensa.
Walnice Nogueira é uma da maiores estudiosas de Euclides da Cunha e também de Guimarães Rosa. Além do livro citado, Euclidiana: Ensaios sobre Euclides da Cunha, de 2009, são leituras imprescindíveis para conhecer melhor, por um viés preciso, analítico, uma das obras-primas da literatura brasileira.
Euclides da Cunha é o autor homenageado na 17ª edição da Feira.
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